Havia um anjo virtual meio arretado, desses que a gente até duvida serem anjos porque muito humanos, que reapareceu na blogsfera (acho este termo meio besta, mas... vá lá). Ele tem esta mania. Some e reaparece. Seu reaparecimento traz, para quem de alguma forma tem algum contato com ele, ataques de urticárias revolucionárias. Comigo não foi diferente.
Queria mudar, tentei fazê-lo sozinha, mas minha ousadia sucumbiu à minha ignorância absoluta quanto a editar hmtl, formatar, configurar... nem sabia o que era um feed (não sei até agora, mas já tenho um porque o anjo foi lá e fez para mim). Tinha quase perdido o Meiando Palavras, encalacrado em milhões de erros. Até que soube que o anjo andava entre bits e bytes, na internet, novamente. Socorreu uma amiga, depois outra. Ah! Era minha hora! Mandei e-mail e...
BINGO! O anjo apareceu quase imediatamente (só os deuses, santos, anjos e assemelhados têm o dom da ubiqüidade, então este anjo é anjo mesmo, certo?), fez praticamente um blog novo para mim e eu pude, finalmente, cumprir pelo menos em parte o poema abaixo, erroneamente atribuído a Clarice Lispector (veja mais sobre isso AQUI). E também pude voltar para o meu canto lúdico e meus amigos virtuais.
Ao anjo, nem sei o que dizer. Então digo apenas: "Orra, meo, você é um p**a anjo. Valeu, manôôô. Bitocas mil!"
MUDE
Edson Marques
Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde
você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira
para passear livremente na praia,
ou no parque,
e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas
e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
depois, procure dormir em outras camas.
Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais...
leia outros livros,
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores,
novas delícias.
Tente o novo todo dia.
o novo lado,
o novo método,
o novo sabor,
o novo jeito,
o novo prazer,
o novo amor.
a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado...
outra marca de sabonete,
outro creme dental...
tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.
Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno,
mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.
Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver:
a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena
(Clarice Lispector)
sábado, 26 de julho de 2008
Edson Marques me diz: "Mude". E eu mudei...
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